SONHEI QUE ELA SONHOU
Desgarrada, saiu, desbravando os campos de milho em direção
ao crescente do firmamento. Braços abertos querendo agarrar o vento, corpo
melodioso na sua correria e cabelos alvoroçados, ela foi...
Foi e não sabia onde ia, mas foi...
O calor que cavalgava na ondulação do campo chamou-a.
Chamou-a e pediu-lhe que o abraçasse. Ela sentiu um arrepio quando s olhou, de
súbito, o vestido pendurado numa espiga e a vontade veio-lhe. A combinação
deixava prever um corpo angelical, de seios afiados e com vontade. Os sapatos
descaíram dos seus pés e entrelaçaram-se nas papoilas. E ela deslizou na seara
deixando que o sol e o vento a beijassem. Sentiu um arrepio, outro arrepio e os
olhos entreabriram-se, deixando cair um braço num vulto que ao seu lado já não
a queria... e acordou e uma gota escorreu pela sua cara.